7 Passos Essenciais Para Elaborar Uma Planilha de Orçamento de Obra Sem Erros

7 Passos Essenciais Para Elaborar Uma Planilha de Orçamento de Obra Sem Erros

Você não sabe qual o melhor software de orçamento de obras?

Ainda não é acessível comprar ou assinar softwares de qualidade?

Bom, dependendo muito da escolha, realmente um bom software de orçamentos pode ajudar muito no seu trabalho.

Não recomendo confiar apenas na tradicional planilha de orçamento de obras no Excel para elaborar relatórios de curvas abc, composições, etc.

E, também não acredito que o software irá fazer toda a diferença.

Hum? Não entendi Gustavo! Calma.

Nesse artigo vou explicar em detalhes, porque dessas duas afirmações e também vou disponibilizar uma alternativa gratuita de planilha de orçamento de obras.

Continue lendo esse artigo para descobrir como analisar as composições de custos de mão de obra, material e equipamento e ainda encontrar uma maneira simples de conferir os coeficientes de consumo dos insumos da TCPO 14.

Os 7 passos para elaborar uma planilha sem erros

Seguindo as principais etapas de um bom orçamento de obras do primeiro artigo desse blog, caso ainda não tenha visto, leia pelo link baixo:

Como Fazer Orçamento de Obras de Maneira Eficiente – O Guia Absolutamente Completo

De acordo com nosso primeiro artigo, precisamos de 7 passos essenciais para elaborar uma planilha de orçamento de obra sem erros:

  1. Atribuir uma composição de preços para cada serviço levantado do projeto.
  2. Levantar os custos indiretos e custos de acessórios.
  3. Inserir os impostos e definir o lucro desejado.
  4. Encontrar nosso preço de venda.
  5. Calcular nosso BDI
  6. Aplicar o BDI linearmente em toda a planilha.
  7. Realizar o fechamento da planilha com o preço de venda.

Vou utilizar nesse artigo uma planilha de orçamento de obra já com todos os 7 passos realizado.

E para que fique bem detalhado, vou explicar cada item da planilha e da composição de preços unitários.

A planilha de orçamento de obra

Por mais básico que possa parecer, quero ter certeza que não haverá dúvidas sobre a planilha de orçamento de obras.

Logo, irei passar em todos os campos do modelo disponível nesse artigo.

  1. BDI utilizado na planilha = 30%
  2. Encargos Sociais adotado = 122%
  3. Código, indica uma sequência lógica da obra ou apenas um critério de controle da empresa, nesse exemplo mantive os códigos da TCPO 14, que foi a base que utilizei nessa planilha de orçamento de obra.
  4. Descrição – Nessa coluna é inserido a descrição dos serviços, lembra no artigo anterior que após o levantamento dos requisitos começamos a levantar quais serviços são necessários para realizar a obra? Então, é nessa coluna que mostra qual serviço foi considerado.
  5. Unidade do serviço, em que medida ele foi considerado, área, volume, metros, unidade ou verba.
  6. Quantidade, todas as quantidades levantadas com projeto, memorial descritivos, são inseridas nessa etapa.
  7. Preços unitários de cada serviço, aqui estão sendo considerado, os valores de materiais, mão de obra, custos indiretos, lucro e impostos.
  8. Preço total, é a multiplicação do preço unitário pela quantidade do serviço.

Assim, vimos em detalhes as partes mais importantes de uma planilha de orçamento de obra.

Agora, se você nunca tinha visto uma planilha na sua vida, parabéns! Essa é uma planilha real que você terá contato em toda sua carreira de engenheiro.

Sendo, orçamentista, engenheiro de obras, coordenador, diretor, analista, arquiteto e técnico.

Enfim, não importa em qual área você irá atuar na engenharia civil, sempre haverá uma planilha de orçamento de obra para ser analisada e utilizada.

Com ela podemos identificar apenas com uma leitura rápida, os tipos de serviços a serem executados nas obras e se os valores unitários estão coerentes com a realidade da empresa.

Com experiência essa leitura será automática, torna-se fácil identificar qual tipo de obra estaremos realizando e se a empresa terá condições de executar.

Assim, podemos identificar uma oportunidade ou nem perder muito tempo, dependendo apenas de “uma olhadinha” na planilha de orçamento de obra.

Caso, você seja mais experiente, talvez, até aqui tenha sido bem básico, mas sempre é bom rever os conceitos básicos e relembrar pontos importantes da orçamentação.

Prometo aumentar o nível conforme vou explicando as composições de preços unitários.

A arte de extrair informações valiosas da Composição de preços

Algumas vezes citei sobre ela, além de ser minha parte favorita na orçamentação, as composições de preços se bem utilizada e interpretada pode servir como “ouro” na sua carreira.

Uma boa base nesse assunto pode ser a resposta das dúvidas mais frequentes que recebo, entre elas:

“Gustavo, como fazer o pedido de materiais dos serviços orçado”?

“Gustavo, como calcular o tempo das atividades da obra”?

“Gustavo, como saber se o preço do empreiteiro está de acordo com o que empresa recebe do contrato”?

Sim, minha caixa de e-mail fica lotada com esse tipo de pergunta e sempre é uma satisfação tentar responder a todos.

E, em algumas épocas torna-se humanamente impossível, mas sempre me esforço para conseguir atender.

Mas agora, tenho certeza que ficará mais fácil de entender como podemos utilizar a composição para respondê-las.

O que é uma Composição de Preços Unitários?

É chamada de composição de preços unitários ou CPU a atividade de relacionar todos os custos envolvidos de um serviço.

Em cada composição é listado os insumos necessários para execução de 1 unidade do serviço.

Você irá entender melhor com o exemplo desse artigo.

Quando cito sobre históricos de obras e estimativas de custos, a composição é a ferramenta mais utilizada para verificar o que deu e o que não deu certo na execução da obra.

Logo, ela fornece uma ótima oportunidade de controlar os custos, já que é possível verificar qual insumo está coerente e qual deve ser reajustado nos próximos orçamentos.

Tudo isso, após a execução dos serviços ou mesmo em andamento, já que antes, temos apenas a possibilidade de orçar e estimar.

Possuir esses históricos é uma vantagem absurda para o construtor, para um controle eficiente de custos e evitar surpresas.

Os insumos mais comuns nas composições, é o de mão de obra, material e equipamento.

Vamos ver na prática como ler uma composição da TCPO 14 e em seguida, como interpreta-la. No exemplo, irei utilizar uma composição da planilha de orçamento de obra que irei deixar para download.

1 – Código, indica qual o código do serviço e dos insumos, repare que em negrito está o código do serviço e abaixo sem negrito, os de insumos.

2 – Descrição, como o próprio nome sugere, indica a descrição do serviço (negrito) e dos insumos (novamente aqui, sem negrito).

Nesse caso, estamos utilizando uma composição do serviço:

Alvenaria de vedação com blocos cerâmicos furados 9x19x19 cm furos horizontais, espessura da parede de 9cm, juntas de 10 mm com argamassa mista de cal hidratada e areia sem peneirar traço 1:4, com 100 kg de cimento.

Já os insumos, que são necessários para execução desse serviço:

Pedreiro, servente, bloco cerâmico e argamassa mista.

3 – Unidade, representa em qual unidade estamos trabalhando, tanto o serviço como o insumo. Repare que para a descrição do serviço de Alvenaria está em .

Os insumos, esses encontramos em h (homem-hora) para Pedreiro e Servente, unidade para bloco e m³ de argamassa.

Podemos encontrar kg, m², m, un, para materiais e h (hora de máquina) para equipamentos.

O que significa que todos os insumos relacionados na composição são necessários para executar 1 m² de alvenaria.

Mas Gustavo, até agora não falamos sobre quantidades de insumos?

Sim, mas vamos chegar lá rapidamente.

4 – Classe, qual classe o insumo está inserido:

MOD – mão de obra

MAT – material

SER – serviço

Lembrando, que está composição é típica da TCPO 14.

Dependendo da sua base pode haver algumas mudanças de nomenclatura, mas entendendo o conceito de um tipo, as outras são bem parecidas.

5 – Coeficiente, em algumas bases “Índices”, representa a incidência de cada insumo para executar 1 unidade do serviço.

Traduzindo, com nosso exemplo:

Podemos afirmar que é necessário 0,64 horas de Pedreiro para executarmos 1 m² de alvenaria.

Excelente Gustavo!

Aposto que agora as coisas começaram a fluir na sua cabeça.

Podemos utilizar essa simples análise para identificarmos muitos aspectos construtivos da nossa empresa, incluindo produtividade, prazos impossíveis, desperdícios, etc.

Então vamos analisar mais um insumo:

É necessário, 27,20 unidades de blocos cerâmico, para executarmos 1 m² de alvenaria!

Exato! Muito bem.

Coisa linda esse negócio de composição! Não!?

É por isso que é a minha parte favorita da orçamentação.

E, apesar de simples, quando tinha acabado de sair da faculdade e encontrava com engenheiros mais experientes era incrível e ao mesmo tempo “assustador”, que a maioria não entendia quase nada sobre esse tema.

Voltando para a composição, mas Gustavo esses coeficientes/índices dos insumos são chutes? Ou é calculado isso tudo?

Boa pergunta!

Não é chute. No caso da TCPO, que existe há mais de 56 anos é revisada e atualizada todos os anos, os seus coeficientes de consumo de mão de obra, materiais e equipamentos.

Tem como conferir os coeficientes?

Sim, claro. E indico que seja comparado com o consumo da sua empresa.

Vamos verificar o consumo de 27,20 unidades de bloco cerâmico da nossa composição.

Nossa alvenaria de bloco cerâmico é de 9x19x19 cm.

Conforme a descrição do nosso serviço nossa alvenaria tem uma espessura de 9cm e juntas de 10 mm.

Sendo assim, vamos encontrar a área frontal do bloco, através da formula:

Onde:

n = unidades por m²

b1= comprimento do bloco

b2 = Altura do bloco

eh = espessura das juntas horizontais

ev = espessura das juntas verticais

Foi considerado nessa composição uma perda de 8,80% nos blocos cerâmico.

Gosto dessa porcentagem da PINI, geralmente considero 8% em blocos cerâmicos. Posso validar que esse índice de perdas ainda está atualizado.

Essas perdas são consideradas pelo transporte, manuseio e cortes de blocos nas obras.

6 – Preço unitário – é o custo unitário de cada insumo utilizado na composição.

7 – Preço total – é custo total do insumo, é resultado da multiplicação do preço unitário pelo coeficiente de consumo. A somatória dessa coluna irá resultar no total sem taxas.

8 – Mão de obra – Somatória de todos os custos de mão de obra e hora maquina dos equipamentos das composições.

Observe que na composição não foi considerado apenas os insumos de classe MOD mas também é inserido um valor de 0,62 do insumo SER.

Para entender como esse valor de 6,24 de mão de obra foi considerado, teremos que analisar uma composição dentro de outra composição, mais conhecida como composição auxiliar.

Argamassa mista de cal hidratada e areia sem peneirar traço 1:4, com adição de 100 kg de cimento.

Mas, observando a composição auxiliar, existe outro insumo da classe SER. Portanto, vamos abrir mais uma vez.

Dessa vez, vamos observar o SER de Argamassa de cal hidratada e areia sem peneirar traço 1:4.

Assim, podemos começar a entender aquele valor de M.O da composição principal.

Vamos entender passo a passo.

Analisando, essa composição, temos R$ 38,80 (preço total) de Servente, que corresponde a 8 horas para executar 1m³ de Argamassa.

Ok, R$ 38,80 de M.O, corresponde a 16,26% do valor total c/ taxa de R$ 238,60.

Legal! Até aí tudo bem!?

Observe que nas duas composições auxiliares, o valor de LS (encargos) e BDI estão zerados.

E, está correto pois esses valores serão inseridos somente na composição principal.

Voltando para nossa primeira composição auxiliar, temos o SER de Argamassa de cal hidratada e areia sem peneirar traço 1:4, preço total de R$ 218,80.

Logo, 16,26% de R$ 218,80 = 35,58 + 9,70 (Servente) = 45,28 de M.O.

Simples, agora vamos voltar a nossa composição principal de Alvenaria.

Agora, é necessário apenas entender que o valor de R$ 276,30 do insumo de classe SER Argamassa mista, 45,28 é de M.O, correspondendo há 16,39% do valor total do serviço.

Logo, dos R$ 3,81 do preço total do insumo, R$ 0,62 é de mão de obra.

Você agora pode estar se perguntando.

Gustavo, tudo isso para justificar 62 centavos?

Não, tudo isso para fixar melhor os conceitos de composição de preços e também entender que esse valor não “brotou do nada”.

Podemos concluir que o motivo pelo qual temos 6,24 de M.O.

É resultante de 3,78 (Pedreiro) + 1,84 (Servente) + 0,62 (Argamassa) = 6,24.

9 – Outro, para encontrar esse valor, basta somar os insumos de materiais.

10 – Total sem taxa, é a somatória de todos os valores da coluna preço total, corresponde ao custo direto do serviço.

11 – Valor LS, é o valor dos encargos da mão de obra. LS, significa Leis Sociais.

Nessa planilha, considerei uma LS de 122%. Portanto, para encontrar nossos encargos basta multiplicar o valor de M.O por 122%.

12 – Valor BDI, Benefícios + Despesas indiretas. Para obter o valor do BDI, precisamos aplica-lo sobre o valor s/ taxa + LS.

Sim, o BDI também se aplica sobre a mão de obra.

Nessa planilha, considerei um BDI de 30%.

13 – Valor total do serviço, é a somatória de total sem taxa + valor de LS + valor de BDI.

Custo Direto e Custo Indireto

Em nosso primeiro artigo do blog “Como Fazer Orçamento de Obras de Maneira Eficiente – O Guia Absolutamente Completo”, vimos:

Leitura e Interpretação de Projetos, depois, como identificar e quantificar os serviços com a montagem das composições.

Nestas duas primeiras etapas definimos o Custo Direto da obra.

Agora, o próximo passo é compor o Custo Indireto, neste vídeo abaixo, mostro dentro de uma obra, o que seria Custo Direto e Custo Indireto, assista:

Assim, nosso custo relativo à administração, manutenção e suporte das equipes no campo, ou seja, todos os custos não computados no Custo Direto, agora são calculados no Indireto.

Antes de iniciar a fórmula em si, precisamos entender que existem alguns custos que não estão ligadas diretamente com serviços executados em obras, mas serão necessários para o perfeito andamento do projeto, custos como:

  • Administração Central – (rateio do custo da sede entre as obras da construtora)
  • Custo financeiro – (recomposição do dinheiro pelo fato de a medição ser paga após a realização do serviço)
  • Riscos/eventuais/imprevistos/contingências – (custos para eventos imprevisíveis ou de difícil quantificação exata)

Para entender mais sobre as fórmulas, veja o artigo completo aqui: A Fórmula (Descomplicada) do BDI

Fontes de acesso a bases de dados

Existem diversos tipos de fontes de composições de preços unitários, vai depender muito do tipo de obra que a empresa realiza e o tamanho do interesse por uma fonte confiável de dados para tirar como parâmetro para suas obras.

Já falei sobre isso no artigo anterior, mas vou repetir.

“Não existe base de composição de preços unitário melhor, que a da própria empresa”.

Porém, vou deixar as opções de bases disponíveis, gratuitas e pagas.

1 – TCPO da Pini

Preciso deixar claro, que não ganho absolutamente nada em recomendar a TCPO mas além de ser a base utilizada nesse artigo, ainda recomendo porque utilizo e me ajuda bastante nos orçamentos.

Sua única desvantagem é ser paga.

2 – FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação

Já utilizei muito como opção gratuita, apesar de sua base ser referenciada para construção e reformas de escolas, alguns serviços são bem próximos da TCPO.

3 – SINAPI

Não utilizo muito, mas em casos de orçamento para a minha casa, minha vida é essencial e é gratuita

4 – DER-SP

Além da base completa de infraestrutura, é possível consultar materiais de auxilio de serviço com cortes e descrições bem detalhadas dos serviços. (Gratuita)

Citei as composições que mais utilizei até hoje, mas temos outras boas opções gratuitas e pagas.

Recomendo que faça uma pesquisa e utilize algumas antes de definir qual utilizar em sua empresa.

Conclusão

Ler uma planilha de orçamento de obra ou interpretar uma composição de preços unitários pode ser conhecimentos valiosos para realizar orçamentos de obras com precisão.

Não se preocupe se achou complicadas as composições, com o tempo e experiência, a leitura torna-se um processo natural.

Só não ignore esses conhecimentos, além de deixar muito engenheiro de boca aberta quando mencionadas, ainda ajudará muito a sua empresa a alcançar uma produtividade próxima com a que foi estimada no orçamento.

Lembra das duas afirmações no começo do artigo?

Não confie cegamente na planilha em Excel pela dificuldade de gerar relatórios e acabar levando longas horas para elaborar uma composição de preços ou curva ABC.

Mas, também não acredite que o software irá ser a salvação dos seus problemas.

Ele irá auxiliar muito, mas sem entender os conceitos será quase inútil investir em um software caríssimo para realizar os orçamentos.

E, para acelerar seu aprendizado, baixe a planilha e a composição de preços desse artigo.

São quase 100 serviços com suas composições para terem seus coeficientes analisados e questionados.

» Baixe a planilha com as composições para acertar nos orçamentos aqui!

Espero que seja útil para você.

Forte Abraço e até o próximo artigo.