Já ouviu falar sobre BDI? Não tem a mínima ideia do que seja?
Neste artigo com um pouco de vídeo, estarei mostrando uma maneira bem simples de “descomplicar” a fórmula do BDI.
Mesmo trabalhando em campo, no escritório, com qualquer tipo de obra, uma hora ou outra você se depara com este termo, principalmente se escolheu a área de Engenharia de Custos.
Existem muitos livros abordando sobre este tema, até irei indicar alguns no final, é um assunto denso e de muitos detalhes.
E, existe uma maneira de entender o conceito e depois olhar para a fórmula e pensar: “Tranquilo”, sei exatamente como calcular esta etapa do fechamento do orçamento de obras.
Continue lendo este artigo para entender melhor deste conceito tão importante em nossas vidas profissionais.
Custo Direto e Custo Indireto
Em nosso primeiro artigo do blog “Como Fazer Orçamento de Obras de Maneira Eficiente – O Guia Absolutamente Completo”, vimos:
Leitura e Interpretação de Projetos, depois, como identificar e quantificar os serviços com a montagem das composições.
Nestas duas primeiras etapas definimos o Custo Direto da obra.
Agora, o próximo passo é compor o Custo Indireto, neste vídeo abaixo, mostro dentro de uma obra, o que seria Custo Direto e Custo Indireto, assista:
Assim, nosso custo relativo à administração, manutenção e suporte das equipes no campo, ou seja, todos os custos não computados no Custo Direto, agora são calculados no Indireto.
Antes de iniciar a fórmula em si, precisamos entender que existem alguns custos que não estão ligadas diretamente com serviços executados em obras, mas serão necessários para o perfeito andamento do projeto, custos como:
- Administração Central – (rateio do custo da sede entre as obras da construtora)
- Custo financeiro – (recomposição do dinheiro pelo fato de a medição ser paga após a realização do serviço)
- Riscos/eventuais/imprevistos/contingências – (custos para eventos imprevisíveis ou de difícil quantificação exata)
Aplicação do BDI descomplicado na Prática
Com estes conhecimentos em mãos, agora vamos para a parte prática, aposto que você gostaria de ver um exemplo real de como aplicar, CERTO?
E aplicar em uma obra real, passaremos de custos para preço de venda da nossa obra!
Vejamos em exemplo simples, mas que funciona em qualquer tamanho de projeto. Vamos simular uma obra com apenas 5 serviços:
Planilha de Serviços:
O Engenheiro de Custos, identificou os serviços e realizou as composições, realizando o Custo Direto Total da obra:
Aqui preciso fazer uma observação importante, lembrar que nesta composição de custos é necessário inserir os valores dos encargos sociais trabalhistas.
Essa porcentagem vai depender muito de cada construtora e sua região, geralmente fica entre 105 a 135%.
E, significa se a hora homem de um carpinteiro é por exemplo:
R$ 5,00/h – custo direto, para o empregador o custo no mínimo sairá por R$ 10,25/h, utilizando um encargo de 105%.
Essa alta porcentagem é resultado dos inúmeros impostos que incidem sobre a hora homem e aos direitos dos trabalhadores (férias, décimo terceiro, aviso prévio, etc.)
E neste exemplo apenas para simular melhor nossa fórmula, já estão embutidos a tão famosa Leis Sociais, visto no dia a dia das construtoras.
Voltando para nossa planilha, o valor de 8.000,00 que chegamos não é o preço de venda e sim o Custo Direto.
Precisamos somar agora ao custo direto:
- O custo indireto;
- Custos de administração central;
- Custo financeiro, riscos/eventuais/imprevistos/contingências;
- Lucro e impostos.
Vamos simular que estes outros custos tenham os valores de:
Fórmula do Preço de Venda
Para calcular o preço de venda, a fórmula é:
Este valor de 11.500,00 é o seu preço de venda com uma planilha de serviços com aqueles 5 serviços iniciais, caso você fosse mandar para uma concorrência pública ou privada.
Agora, precisamos diluir este valor de preço de venda em cada um dos 5 serviços, utilizamos um coeficiente.
Custo Direto = R$ 8.000,00
Preço de Venda = 11.500,00
11.500/8.000 = 1,4375
Este fator de 1,4375 significa que teremos um acréscimo de 43,75% sobre cada serviço do custo direto para chegar no preço final de venda.
Este percentual chama-se Bonificação e Despesas Indiretas (BDI). Nossa planilha para o cliente ficaria assim:
A nossa fórmula então, ficaria assim:
Outros tipos de fórmulas do BDI
Sendo: i = taxa de Administração Central;
r = taxa de risco do empreendimento;
f = taxa de custo financeiro do capital de giro;
t = taxa de tributos federais;
s = taxa de tributo municipal – ISS;
c = taxa de despesas de comercialização;
l = lucro ou remuneração liquida da empresa.
Fonte: Metodologia de Calculo da Taxa do BDI e Custos Diretos para Elaboração do Orçamento na Construção Civil- Maçahico Tisaka- Ex Presidente do Instituto de Engenharia
Outro tipo de fórmula encontrada do Engenheiro Paulo Roberto Vilelas Dias:
Onde:
AC = administração central;
CF = custo financeiro;
S = seguros;
G = garantias;
MI = margem de incerteza;
TM = tributos municipais;
TE = tributos estaduais;
TF = tributos federais;
MBC = margem bruta de contribuição.
Fonte: Livro “Novo Conceito de BDI” (Eng. Paulo Roberto Vilela Dias)
Conclusão
É possível entender o conceito de BDI de maneira bem simples e objetiva, sem complicações e exageros na hora de passar este conteúdo denso e muito importante para nossa área.
Realizei, em uma boa oportunidade um treinamento inteiro com a lenda Maçahico Tisaka, sobre orçamento de obras públicas e análise do BDI.
Na época quando terminei empolgado o curso, queria aplicar logo todo conhecimento adquirido e dei de cara com um BDI “padrão” da minha empresa, utilizava-se um percentual de 40% em todas as obras.
Talvez por falta de tempo para calcular ou por ser mais ágil no fechamento, confesso que fiquei um pouco frustrado mas pode ocorrer em inúmeras construtoras Brasil afora.
Importante não desaminar, se você estiver na mesma situação, uma hora será necessário rever estes cálculos e poucos saberão realizar de maneira assertiva como você.
Parabéns por ter chego até aqui no artigo, vejo que está bem interessado em aprender mais sobre Engenharia de Custos, portanto dois recados importantes:
- Não esqueça da nossa 1ª Visita na Obra – Edifício Vertical que será nos dias 9-15 de janeiro de 2017, evento 100% online e 100% gratuito, se ainda não cadastrou, acesse este link: Acessar o cadastro do Visita na Obra
- Deixe um comentário logo abaixo, dizendo o que achou sobre o artigo, é muito importante entender sua opinião para melhorar cada dia mais os artigos e vídeos do blog.
Obrigado por seguir o blog, espero que esteja te ajudando de alguma maneira.
Abraço,
Minhas Referências de sites e livros para o artigo:
http://paulorobertovileladias.com.br/wp/collection.html
http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/95/especial-obras-publicas-como-calcular-o-bdi-281833-1.aspx
http://blogs.pini.com.br/posts/Engenharia-custos/a-formula-do-bdi-341256-1.aspx
Livro: Manual de BDI – Como incluir benefícios e despesas indiretas em orçamentos de obras de construção civil
Livro: Orçamento de Obras em Foco – Um novo olhar sobre a Engenharia de Custos – Roberto Sales Cardoso